Na verdade, para a ampla maioria, não.

Uma minoria teve o azar de pegar uns idiotas, e projetam sua experiência particular para todas as experiências alheias.

O que é um erro crasso.

Uber e mulheres

Este é um erro que todos nós estamos passíveis de cometer: projetar nossa bolha de experiências limitadas para toda a experiência humana.

Generalizar na intenção de compreender o comportamento humano sempre será um erro.

Eu já fui motorista de Uber, por 3 anos. Fiz viagens para algo em torno de 3000 pessoas. Dessas 3 mil, seguramente metade eram mulheres.

E nelas encontrei os mais diversos comportamentos. Desde mulheres que optavam por sentar ao lado no banco do passageiro da frente, e vir conversando normalmente, passando por mulheres que faziam questão de sentar no meio do banco traseiro, para vir conversando mantendo contato visual pelo espelho retrovisor, ATÉ mulheres que entravam mudas e saíam caladas, e por fim, mulheres que sentavam atrás de mim no banco traseiro, para não ter qualquer contato visual, e de algumas eu sentia até um certo clima de medo no ar…

…tudo por causa dessas idiotas da imagem acima, que propagam um medo particular que na maioria das vezes não se aplica à experiência das outras, porque o motorista depende da nota do aplicativo e evitará fazer qualquer besteira que comprometa esta nota. E se o sujeito fizer besteira, avalie mal mesmo, e se for qualquer absurdo, denuncie ao aplicativo.

Cuidado com os medos que tentam lhe oferecer.

Você não precisa da maioria deles.

Nas postagens da prefeita da minha cidade, em que ela comunica a volta gradual das atividades econômicas, encontrei algums comentários desesperados de algumas pessoas.

Elas são contra a volta das atividades comerciais. Assim, contra, simples. Não sei o que lhes passa pela cabeça, ou se passa alguma coisa, sobre a necessidade de uma ampla parcela da população de voltar a trabalhar pra, sei lá, né, tipo, colocar comida na mesa.

Isso acontece por causa de duas coisas:

A ignorância média das pessoas, essa grande parcela populacional que se enquadra sob o grupo dos analfabetos funcionais.

O alarmismo da mídia, tipo um infeliz programa Fantástico de domingo mostrando um falecido por k0wid sendo levado ao cemitério e enterrado com dois familiares apenas.

Na cabeça dessa pessoinha que comenta desesperada na postagem da prefeita, ela acha que foi pra rua, olhou pra um infectado, pronto, pegou o vírus; que esse vírus é do tipo pegou, morreu.

O benefício da dúvida me manda assumir que ela não se informou adequadamente sobre as questões mais estatísticas dessa epidemia. Que 70% da população vai pegar esse vírus de um jeito ou de outro. Que a maioria será de forma assintomática. Que uns poucos terão sintomas suportáveis. Que uma minoria terá que ser internada. Que poucos seguirão para a UTI e que – é o risco de se estar vivo – uns poucos indivíduos já debilitados por outros males realmente sucumbirão ao vírus, como foi o caso daquele infeliz cujo enterro o infeliz Fantástico mostrou em rede nacional.

Essa pessoinha que estou me referindo, na verdade, por ser analfabeta funcional, como assim é 60% da população, mesmo que entrasse em contato com essas informações estatísticas, nem conseguiria processar, não consegue imaginar, abstrair o que é uma minoria de uma minoria em relação a uma ampla maioria.

Cheguei até aqui triste com essa constatação.

Mas daqui temos a dimensão da IRRESPONSABILIDADE de uma mídia sedenta por views e cliques.